Azul

O Mar está revolto...
As ondas deste mesmo mar
Que um dia trouxe entre espuma...desejos
Leva-os agora para bem longe,
Para junto de um outro mar...mais sossegado!

O mesmo Mar onde mergulhei
Parece querer secar...

O Vento húmido molha-me os olhos,
Sinto o corpo gelado e tremo..tremo ao frio...
O Sol escondeu-se entre nuvens baixas que me perseguem!

A natureza reuniu-se...cinzenta...
O Mar soluça...
Entretanto vejo um pequeno barco ao longe,
Não percebo o seu rumo
O nevoeiro escondeu-mo...

Cansado,
Entrego-me ao Mar...
O meu corpo flutua...
Solta-se uma luz entre as nuvens,
Ao meu lado e na imensidão daquele azul...

Foi o teu olhar que me aqueceu!

Eu...sem nome

Ainda não tinha nascido e já tinha nome,
Algo curioso não..?!

Hoje apetecia-me chamar-te
Mas teimas em deixar apenas o teu perfume!

Achas-me assim tão curioso?
Será que te conheço tão bem...esse olhar?
Será que mais uma vez te escondes no medo?

A tua viagem está para próximo,
Mais uma pequena mudança nesse teu mundo,
O Sol voltará a brilhar como antes...se quiseres!

Aprendi a conversar contigo assim,
Talvez seja doido...não tenho vergonha de o dizer...
A minha loucura mora dentro de mim
E está ao alcançe de um nome...o teu!

Tempos...

O tempo é nosso...
Agarrar ou não os dias é uma escolha nossa!

Tudo é feito de tempos...
A vida...a música...o amor!

Indubitavelmente...
Não sou o mesmo que era antes,
Tenho medo de me apanhar distraido numa teia...
E não mais voltar...
Ou voltar como dantes!

A tristeza é passageira na viagem da vida,
Compete-nos a nós (dentro do possível),
Contornar o nosso caminho para que ele não se cruze com o da tristeza!

A tisteza não mora sozinha..
Vive de paredes-meias com a alegria..!

Acho que já fui uma pessoa alegre
Porque sei o que é estar triste!
Não é assim??!!

Voltas e mais voltas que dei,
Encontros e muitos desencontros...
Promessas que vi nascer da boca para fora
E poucas se afirmaram no papel de cada um!

Amizades que se dissolveram entre lágrimas,
Rostos que atravessam o espelhar do meu olhar
E permanecem mudos nestas mesmas noites de hoje...

Mais uma vez é na noite que largo a minha ancôra,
Deixo correr entre uma música que toca suavemente
Palavras que continuas sem querer ouvir...

Sei o teu nome...Continuo a ler-te os pensamentos que deixas
Entre meia duzia de palavras!

Dizem que amar é complicado..
Chamam-me complicado!

O poema é teu

Entre metades

Estranho-me a cada dia...
Pinto um tecto redondo à minha volta - estou de luto!

Perco-me entre novos pensamentos,
Velhas inconclusões fundamentadas,
Mistérios que pareciam a descoberto do meu tecto,
Metades que se foram perdendo
E não encaixam mais...

Um puzzle que já foi colorido,
Outras asas que entretanto deixaram de voar,
Uma boca não mais saciada,
Um olhar perdido e fixo no quadro que recortei e pintei...outrora!

Não sou um mágico
Mas perco-me entre magias, fantasias...
Ilusões de quem quer ter o mundo todo
E deixa um bocadinho de si em cada beco...

A saída achei-a quando me achava perdido,
Agora quero voltar a entrar e a perder-me...

Quero voltar a ser o pássaro que fui,
Vou voar bem alto,
Deixar-me levar pelo vento
E aterrar na nossa árvore...no nosso ninho!

Balança

Eu sou uma balança...
Desiquilibro-me...
Quando pareço que vou cair
Algo do outro lado me segura!

Balanço para um lado,
Depois para o outro,
Hoje estou neste lado,
Amanhã talvez no outro...

De tanto balançar...
Aqui e ali...
Fico tonto e confuso..
Quero isto...??Quero aquilo...?

Volto a balançar mais um pouco...
Para cá...Para lá...

Sinto que um dia a balança vai parar,
Espero esse dia...Enquanto me balanças...